Senado concede mais cinco anos para regularização de imóveis em faixa de fronteira

O plenário do Senado aprovou nesta terça-feira, 08/07, em votação simbólica, o projeto de lei (PL 1.532/2025) que concede mais cinco anos para autorizar o registro de grandes imóveis rurais em faixa de fronteira. O projeto já havia sido aprovado mais cedo na Comissão de Relações Exteriores (CRE). A proposta segue para análise da Câmara dos Deputados.

A medida se aplica a imóveis com área superior a quinze módulos fiscais. O projeto é de autoria do senador Nelsinho Trad (PSD-MS), presidente da CRE, e teve como relatora a senadora Tereza Cristina (PP-MS). 

A relatora defendeu que o foco deve ser neste momento a prorrogação do prazo, que vai agora até outubro de 2030. Acrescentou que o debate sobre regras mais detalhadas, como flexibilização de documentos, deve ocorrer depois, no projeto (PL 4.497/2024), originário da Câmara, que aguarda votação no Senado.

A Lei nº 13.178, de 2015, estabeleceu um prazo de 10 anos para que os interessados requeiram a certificação de georreferenciamento pelo Incra e a atualização da inscrição do imóvel no Sistema Nacional de Cadastro Rural para a obtenção da ratificação dos imóveis rurais com área superior a quinze
módulos rurais localizados em faixa de fronteira (art. 2º, § 2º).

Tereza Cristina defendeu, em seu relatório, a extensão do prazo para não prejudicar os moradores dessas áreas. “O esgotamento desse prazo tem consequências jurídicas graves e irreversíveis, pois o § 5º do art. 2º da Lei determina que, transcorrido o prazo sem manifestação do interessado ou sendo a ratificação considerada materialmente impossível, o órgão competente poderá requerer o registro do imóvel em nome da União, no Cartório de Registro de Imóveis competente”, destacou.

“Trata-se de uma consequência severa e que, em muitos casos, pode atingir particulares de boa-fé que, por razões documentais, financeiras ou de impedimento administrativo, não conseguiram iniciar ou concluir o processo dentro do prazo estabelecido”, pontuou a senadora.

“É nesse contexto que a urgência da apreciação legislativa do projeto se revela mais do que necessária – ela é imprescindível. A prorrogação do prazo por mais cinco anos, conforme propõe a nova redação do § 2º do art.2º, consiste em medida de justiça social, equilíbrio federativo e regularidade dominial, permitindo que milhares de registros legítimos não sejam subitamente convertidos em propriedade da União, em razão de entraves procedimentais ou burocráticos”, afirmou.

Tereza Cristina lembrou ainda que, nesse período de 10 anos, houve grande incerteza em relação ao procedimento ratificatório, por ausência de regulamentação de dispositivos da Lei nº 13.178, de 2015, e, principalmente, pela pendência da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) nº 5.623,impugnando os artigos 1º, 2º, 3º e 6º da Lei da Ratificação.

Só em 2021 é que foi estabelecido o marco temporal para o requisito da ausência de questionamento administrativo ou judicial para a ratificação, com a alteração do inciso I do art. 1º promovida pela Lei nº14.177, de 2021.

A ADI nº 5.623, por seu turno, só transitou em julgado em 28 de julho de 2023, e acabou por estabelecer novos condicionantes para a ratificação – que, até o momento, ainda aguardam por uma disciplina por meio de lei para a sua aplicação uniforme nos Estados que possuem imóveis passíveis de ratificação na faixa de fronteira.

A relatora destacou ainda o mérito do Projeto de Lei nº 4.497, de 2024, já aprovado pela Câmara dos Deputados, e que está pendente de análise no Senado Federal. “Essa matéria é importantíssima e cabe a nós Senadores promovermos esse debate da maneira mais célere possível também”, defendeu Tereza Cristina.


Comissão aprova proposta de Tereza Cristina para ciclo de debates sobre fronteiras brasileiras

A Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) aprovou nesta quinta-feira (03/6), o pedido da senadora Tereza Cristina (PP-MS) para realização de um ciclo de debates que vai discutir e apresentar soluções para os problemas enfrentados pela população que vive nas regiões fronteiriças brasileiras. “Fico muito feliz que meu requerimento teve apoio dos colegas e foi aprovado na CRE. Agora, espero que indiquem nomes para participar dos debates”, disse Tereza Cristina.

A ideia é ouvir técnicos, especialistas, autoridades e cidadãos que conhecem essa realidade. Serão analisados aspectos de defesa, segurança, desenvolvimento (saúde, saneamento, educação, infraestrutura, comunicação) e cooperação internacional.

“Nas nossas fronteiras terrestres, multiplicam-se oportunidades de cooperação e desenvolvimento socioeconômico, bem como não são poucos os desafios impostos pelas organizações criminosas transnacionais, pela evasão de bens e divisas, e pelas questões sanitárias, educacionais, habitacionais, logísticas”, enumerou Tereza Cristina. “Temos de discutir esse assunto porque é de grande magnitude e afeta milhões de pessoas”, completou.

A senadora idealizou três grandes eixos de debates, com painéis previstos para serem realizados no Senado ao longo de 2023. Seriam eles: 1) Defesa Nacional; 2) Segurança e Inteligência; e 3) Cooperação e Desenvolvimento para Integração na Área de Fronteira. Ela sugeriu que sejam convidados representantes de vários órgãos e instituições e pediu a seus colegas que também apresentem sugestões.

A parlamentar também propôs que seja designado um relator na Comissão de Relações Exteriores para apresentar um documento sobre os trabalhos, visando elencar as oportunidades e vulnerabilidades na área de fronteira, e apresentar recomendações legislativas que possam equacionar e amenizar os problemas levantados.

Justificativa
Em seu requerimento, Tereza Cristina destaca que o Brasil possui extensa e diversificada fronteira terrestre, com 1,4 milhão de km² de área total em mais de 16,8 mil km de comprimento e 150 km de largura de faixa, tendo limites com dez países – Uruguai, Argentina, Paraguai, Bolívia, Peru, Colômbia, Venezuela, Guiana e Suriname, e o Departamento Ultramarino Francês da Guiana. Nessa área, estão localizados 588 municípios de 11 Estados brasileiros, sendo que 122 fazem divisa com outros países e em 33 há cidades gêmeas.

Confira como serão os três painéis sugeridos:

1. Defesa Nacional:

  • O Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (SISFRON) e sua efetividade na proteção das fronteiras terrestres brasileiras;
  • A Operação Ágata e suas contribuições para o combate a organizações criminosas transnacionais;
  • Apresentação do Plano Estratégico de Fronteiras, enfatizando as ações das Forças Armadas (Exército,
  • Aeronáutica e Marinha) na segurança das fronteiras; e
  • Avaliação do papel do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) na coordenação das ações de segurança nas fronteiras terrestres.

Convidados:

  • Representante do Ministério da Defesa (MD);
  • Representante do Comando do Exército (EB);
  • Representante do Comando da Marinha (MB);
  • Representante do Comando da Aeronáutica (FAB);
  • Representante do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência
    da República (GSI-PR); e
  • Representante da Consultoria Legislativa do Senado Federal.

2. Segurança Pública e Inteligência:

  • Desafios na segurança das fronteiras terrestres;
  • Cooperação e compartilhamento de informações para o combate ao crime transnacional;
  • Inteligência e intercâmbio de informações entre as agências de segurança (tanto em nível federal quanto estadual);
  • Cooperação entre estados fronteiriços no combate ao crime transnacional;
  • Boas práticas e iniciativas de integração para fortalecer a segurança nas fronteiras;
  • Desafio logístico de monitoramento e proteção das fronteiras.

Convidados:

  • Representante da Polícia Federal (PF);
  • Representante da Polícia Rodoviária Federal (PRF);
  • Representante da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN);
  • Representante da Receita Federal do Brasil (RFB);
  • Representante da Secretaria de Operações Integradas (SEGOV) do Ministério da Justiça e Segurança Pública;
  • Representantes das Secretarias de Segurança Pública dos de fronteira;
  • Representante do Observatório das Migrações Internacionais(OBMigra);
  • Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC); e
  • Representante da Consultoria Legislativa do Senado Federal.

3. Cooperação e Desenvolvimento para Integração na Área de Fronteira:

  • Medidas para promover o desenvolvimento socioeconômico das regiões fronteiriças, incluindo saúde, saneamento, educação, infraestrutura e comunicação.
  • Tratados e acordos de cooperação internacional envolvendo os países vizinhos para fortalecer a segurança e o desenvolvimento nas fronteiras;
  • Avaliação do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e sua adequação para atender às necessidades dos municípios fronteiriços;
  • Desafios e oportunidades da integração regional, os mecanismos de cooperação existentes;
  • Fortalecimento da participação e da liderança brasileiras nesses processos de integração e cooperação regional.

Convidados:

  • Representante do Ministério das Relações Exteriores (MRE);
  • Representante do Ministério do Planejamento e Orçamento (MPO);
  • Representante do Ministério da Fazenda (MF);
  • Representante do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA);
  • Representante do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR);
  • Representante do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA);
  • Representante do Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social
    de Fronteiras (IDESF); e
  • Representante Confederação Nacional dos Municípios (CNM);
  • Representante de prefeituras de cidades gêmeas, para discutir oFundo de Participação dos
  • Municípios (FPM), as necessidades de municípios fronteiriços e os tratados de cooperação fronteiriça;
  • Representante da Consultoria Legislativa do Senado Federal.