01 de agosto de 2025
Parlamentares americanos que receberam senadores brasileiros tentam barrar tarifaço
Democratas preparam medida para revogar tarifa de 50%, enquanto ações judiciais tentam impedir aumento antes da entrada em vigor. Diálogo e negociações continuam no Brasil.

Após a missão do Senado brasileiro aos Estados Unidos, ganharam força as reações no Congresso norte-americano contra a tarifa de 50% anunciada pela Casa Branca sobre produtos brasileiros.Nesta quinta-feira, 31/07, democratas divulgaram que vão apresentar uma proposta com trâmite prioritário para forçar a votação no Senado dos EUA de uma medida para barrar o tarifaço.
Ao mesmo tempo, tribunais federais norte-americanos analisam se houve abuso de poder na invocação da Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional (IEEPA, na sigla em inglês). Especialistas jurídicos argumentam que a justificativa da Casa Branca — a alegada ameaça à segurança nacional representada pela atuação do STF brasileiro — é frágil e sem precedentes.
Em nota conjunta, os senadores Jeanne Shaheen, Tim Kaine, Chuck Schumer e Ron Wyden criticaram que as tarifas estão sendo impostas por motivos políticos e sem fundamentação econômica, já que o Brasil é um parceiro comercial que compra mais do que vende para os Estados Unidos.
Shaheen e Kaine também foram signatários de uma carta enviada na semana passada por 11 senadores democratas a Trump, na qual acusam o presidente de estar cometendo um “abuso de poder” com a ameaça tarifária. Eles falaram a respeito para os oito senadores brasileiros que estiveram em Washington.
A indignação diante da medida foi compartilhada por outros parlamentares com quem a comitiva brasileira se reuniu: Martin Heinrich (Novo México), Chris Coons (Delaware), Mark Kelly (Arizona), Michael Bennett (Colorado), Ed Markey (Massachusetts) e Thom Tillis (Carolina do Norte).
Na Câmara, já em recesso, o deputado Gregory Meeks, membro graduado do Comitê de Relações Exteriores também prometeu apresentar uma resolução para tentar barrar o tarifaço. Já a deputada Sydney Kamlager-Dove, co-presidente do Caucus Brasil, defendeu — em reunião virtual com os senadores brasileiros — a extensão do prazo para implementação da tarifa, destacando os impactos negativos para empresas e trabalhadores norte-americanos.
O senador Martin Heinrich alertou para os efeitos domésticos da tarifa. Citou o aumento no preço do café, a pressão sobre o setor madeireiro e os reflexos na habitação, já que insumos importados do Brasil integram a cadeia da construção civil. Thom Tillis, por sua vez, afirmou esperar que a Justiça americana adie a entrada em vigor da medida. “A economia não deveria ser usada da maneira como Trump está conduzindo. Isso é um erro político”, disse.
Na reunião com os senadores brasileiros, representantes de gigantes como ExxonMobil, Amazon, PepsiCo, Lockheed Martin e Mars demonstraram preocupação quanto aos impactos do tarifaço sobre diversas cadeias produtivas. No setor alimentício, uma das principais é com a carne. O preço da moída já subiu 15% desde o anúncio da tarifa, bem como o preço da madeira certificada. O fornecimento de transformadores de energia para os Estados americanos também está sob risco.
Diálogo continua
Embora produtos como suco de laranja, celulose, papel, fertilizantes e combustíveis, dentre outros, tenham sido poupados, o tarifaço, previsto para entrar em vigor em 6 de agosto, ainda atinge 36% das exportações brasileiras para os Estados Unidos.
“Vamos trabalhar agora com objetivo de tentar baixar as tarifas para os produtos que não foram incluídos na lista de exceções, principalmente as exportações do agro – como carnes, pescados, frutas (manga, cacau, açaí), café, etanol”, afirmou a senadora Tereza Cristina (PP-MS), vice-presidente da Comissão de Relações Exteriores (CRE), que integrou a comissão de senadores que foi aos EUA.
Também já de volta ao Brasil, o líder da missão do Senado brasileiro, senador Nelsinho Trad (PSD-MS), presidente da CRE, informou que “na segunda-feira, nós vamos fazer uma reunião e uma articulação com quem tem a prerrogativa de negociar no Executivo para apresentar tudo o que ouvimos e sugestões recebidas para distensionar a crise com os Estados Unidos. É apenas o início de um trabalho suprapartidário pelo Brasil”, frisou.
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