30 de julho de 2025

Tereza Cristina faz balanço da viagem aos Estados Unidos

"O que nós fizemos aqui nesses dois dias foi abrir portas, quebrar o gelo, conversar com as empresas, os políticos, com muitos interlocutores. Vamos ter muito tempo ainda de negociação e o diálogo vai continuar. As exceções ao tarifaço são uma boa notícia", frisou Tereza Cristina.

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Vice-presidente da Comissão de Relações Exteriores (CRE), a senadora Tereza Cristina (PP-MS) avaliou que a comissão do Senado que esteve nos Estados Unidos para tratar do tarifaço terminou a missão “com a sensação do dever cumprido”. “O que nós fizemos aqui nesses dois dias foi abrir portas, quebrar o gelo, conversar com as empresas, os políticos, com muitos interlocutores, e ver se esse tema chega cada vez mais na Casa Branca e no Departamento de Comércio americano”, explicou. “O diálogo vai continuar”, reforçou.

A notícia de que a Casa Branca confirmou o tarifaço de 50%, mas editou uma longa lista de exceções foi bem recebida pelo setores econômicos e pelo grupo de senadores. “É uma notícia positiva, nosso trabalho já começou a valer a pena”, comemorou Tereza Cristina. “E vamos continuar trabalhando”, afirmou. “Vamos acompanhar essa taxação de 50%, agora marcada para o dia 06/08, e temos de analisar com calma a lista de exceção da nossa pauta de exportação”, afirmou. “Nós vamos ter muito tempo ainda de negociação”, frisou Tereza Cristina.

Estão na lista de exceções do tarifaço, suco e polpa de laranja, castanhas, celulose, fertilizantes químicos, polpa de madeira, aeronaves, produtos derivados de petróleo, aço, ferro, alumínio, minério de ferro, mica, veículos. Café, carne bovina, pescados, frutas e etanol não são citados. “Precisamos ver como ficarão esses produtos muito importantes para os dois mercados”, disse.

“O que nós vamos fazer? Azeitar ainda mais as relações com os parlamentares republicanos e democratas. Falamos com oito, nove e obtivemos apoio. Fizemos um convite para que eles possam ir ao Brasil”, relatou. “Vamos voltar para o Brasil e fazer a vistoria de casa, conversar com quem temos de conversar. Vai ter um relatório dessa comissão, esse relatório será público, vai ser amplamente divulgado e aí nós vamos poder conversar com vários setores, com os três Poderes, inclusive com o Executivo”, disse.

Encontros com senadores democratas e republicanos

Apesar da proximidade do recesso legislativo nos Estados Unidos, a missão foi recebida por um número expressivo de parlamentares. Já participaram das reuniões os senadores Tim Kaine, Ed Markey, Mark Kelly, Chris Coons, Jeanne Shaheen, Martin Heinrich e Thom Tillis, além da deputada Sydney Kamlager-Dove, co-presidente do Brazil Caucus.

Durante reunião com a delegação brasileira, o senador Martin Heinrich (Democrata, Novo México) se posicionou de forma crítica às tarifas anunciadas contra o Brasil, destacando que não vê benefícios reais para o país e alertando para os impactos já sentidos pela população americana.

Heinrich citou o caso do café como exemplo de insumo cuja cadeia de suprimento não pode ser substituída internamente, gerando aumento expressivo de preços para os consumidores. Ele também mencionou o setor madeireiro, alertando que as tarifas têm pressionado o custo da habitação em meio à crise de moradia nos EUA.

Durante o encontro com o senador republicano Thom Tillis (Carolina do Norte), o parlamentar expressou a expectativa de que a entrada em vigor da tarifa de 50% anunciada por Donald Trump possa ser adiada, diante de ações judiciais em curso. O adiamento até o momento foi de apenas uma semana.

Ele considerou a medida um erro político com efeitos negativos para produtores e consumidores dos dois países, elogiou o posicionamento técnico da comitiva brasileira e lamentou a ausência de outros colegas republicanos nas discussões. Parlamentares da missão relataram que, em dado momento, Tillis chegou a dizer que defendeu o Brasil com interlocutores do Departamento de Comércio e reforçou que a economia não deveria ser usada da maneira como conduz o presidente Donald Trump.

Os senadores Tim Kaine (Virgínia) e Ed Markey (Massachusetts) também se posicionaram contra a tarifa. Markey indicou que ele e os pares apresentarão medidas legislativas para reagir à imposição da alíquota adicional. Kaine afirmou que pretende forçar uma deliberação do Senado caso a notificação presidencial avance.

Já a deputada Sydney Kamlager-Dove, que representa a Califórnia e copreside o Brazil Caucus, demonstrou preocupação com o impacto da tarifa sobre setores produtivos brasileiros e norte-americanos. A parlamentar sugeriu maior articulação com outros caucuses e indicou que a crise tarifária pode ser revertida judicialmente.

Se fosse aplicada plenamente, a tarifa, que recairia sobre exportações brasileiras de produtos como aço, alumínio, alimentos e manufaturados, poderia gerar prejuízos de até R$ 175 bilhões em dez anos, segundo estimativas da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg).

Encontro com empresários

Os senadores brasileiros se reuniram também com membros da U.S. Chamber of Commerce, maior organização empresarial do mundo, que representa milhões de empresas de todos os setores da economia norte-americana. Na ocasião, os senadores articularam apoio a uma manifestação conjunta da Câmara de Comércio americana pedindo ao governo dos EUA o adiamento da tarifa.

A justificativa é que a medida afeta a previsibilidade de empresas, inclusive americanas, e coloca em risco cadeias produtivas inteiras – em especial nos setores de alimentos e perecíveis. Tereza Cristina contou que foi pedido aos senadores também apoiassem a carta em que empresários norte-americanos reivindicam adiamento das tarifas. Também se apelou para que houvesse exceções na lista de novos tributos.

Na quarta-feira, 30/07, os parlamentares se encontraram ainda com representantes da Americas Society / Council of the Americas, entidade que reúne lideranças da sociedade civil e do setor empresarial com foco no fortalecimento das relações interamericanas.

Relação do Brasil com a Rússia

Outro ponto de atenção, segundo Tereza Cristina, foi o pedido, feito tanto por republicanos quanto democratas, para que o Brasil reduza ou interrompa a importação de combustível da Rússia. “Esse é um assunto sensível: o óleo diesel e os fertilizantes, do qual necessitamos muito, que importamos da Rússia, algo que o governo do Brasil tem que avaliar. O tema será debatido e também estará no nosso relatório”, disse.

“Eles (os senadores norte-americanos) estão preocupados em acabar com a guerra contra a Ucrânia e acham que quem compra da Rússia financia a continuidade da guerra. Tanto é que estão tentando fazer uma lei para sancionar esse comércio com a Rússia que será lida ainda antes do recesso aqui nos Estados Unidos. Então vemos que é realmente um assunto sensível para eles”, finalizou Tereza.

Além de Tereza Cristina e do senador Nelsinho Trad (PSD-MS), que lidera a comitiva, integram a missão suprapartidária os senadores Jaques Wagner (PT-BA), Astronauta Marcos Pontes (PL-SP), Rogério Carvalho (PT-SE), Carlos Viana (Podemos-MG), Fernando Farias (MDB-AL) e Esperidião Amin (PP-SC).


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