29 de julho de 2025
Senadores se reúnem com colegas norte-americanos para dialogar sobre tarifaço
As reuniões com congressistas americanos — que incluem democratas e republicanos — começaram pela manhã e foram restritas aos parlamentares. A primeira foi com o democrata Ed Markey.

Com a tarifa de 50% prestes a entrar em vigor na sexta-feira, 01/08, os senadores brasileiros iniciaram nesta terça, 29/07, a etapa mais sensível da missão oficial aos Estados Unidos. O grupo teve, desde o inicio da manhã, reuniões fechadas com parlamentares americanos, em tentativa de retomar o diálogo político entre os dois países e reforçar a posição institucional do Brasil diante da medida anunciada por Donald Trump.
As reuniões com congressistas americanos – que incluem democratas e republicanos – foram restritas aos parlamentares. As primeiras foram com os senadores democratas Ed Markey e Martin Heinrich. Ambos prometeram apoiar a reivindicação brasileira de adiar o tarifaço e excluir produtos da lista.
À tarde, foi a vez dos republicanos, partido de Donald Trump. A comissão encontrou o republicano Thomas Tillis e pretendia ainda conversar com Lindsey Graham, próximo ao presidente americano. “Temos boas expectativas com esses contatos”, disse a senadora Tereza Cristina (PP-MS), que é vice-presidente da Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado.
A comitiva liderada por Nelsinho Trad (PSD-MS), presidente da CRE, tem apostado no peso simbólico e diplomático da visita para mobilizar apoio no Congresso americano e no setor privado. A tarifa, que atinge diretamente exportações brasileiras de produtos como aço, alumínio, alimentos e manufaturados, pode gerar prejuízos de até R$ 175 bilhões em dez anos, segundo estimativas da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg).
“ O Senado está agindo diplomaticamente para reconstruir pontes entre Brasil e Estados Unidos. Nossa missão é abrir caminhos para o diálogo e tentar evitar que tarifas injustas recaiam sobre quem trabalha e produz”, avaliou a senadora Tereza Cristina.
“Sabemos que não cabe ao Legislativo negociar tarifas, mas estamos fazendo a nossa parte. Hoje (ontem) nos encontramos com empresários brasileiros e americanos numa verdadeira força-tarefa pelo nosso país. Acreditamos que nenhuma ideologia pode falar mais alto que o bom senso e o compromisso com o bem-estar de brasileiros e americanos”, disse Tereza Cristina, após reunião, na segunda, 28/07, com membros da U.S. Chamber of Commerce, maior organização empresarial do mundo, que representa milhões de empresas de todos os setores da economia norte-americana.
Na ocasião, os senadores articularam apoio a uma manifestação conjunta da Câmara de Comércio americana pedindo ao governo dos EUA o adiamento da tarifa. A justificativa é que a medida afeta a previsibilidade de empresas, inclusive americanas, e coloca em risco cadeias produtivas inteiras – em especial nos setores de alimentos e perecíveis.
Empresários dos EUA devem pressionar por adiamento de tarifas
Participaram da reunião representantes da U.S. Chamber of Commerce e de gigantes empresariais norte-americanas, como Cargill, Caterpillar, ExxonMobil, Shell, Dow Chemical, Merck, S&P Global, Johnson & Johnson, IBM, DHL, Kimberly-Clark, entre outras. O encontro, articulado pelo Brazil-U.S. Business Council, também contou com a presença da embaixadora Maria Luiza Viotti e integrantes da missão diplomática brasileira.
Durante a reunião, empresários defenderam gestos concretos do Brasil e citaram como exemplo o acordo recente entre EUA e União Europeia. “O Brasil precisa mostrar que é insubstituível em cadeias produtivas críticas, como alimentos, energia e componentes industriais”, afirmou um dos executivos. A avaliação predominante foi a de que complementaridade econômica e pragmatismo diplomático são o melhor caminho para evitar perdas bilaterais.
A ideia é pressionar pela postergação da medida enquanto se constroem alternativas técnicas e diplomáticas. O senador Carlos Viana (Podemos-MG) revelou que também foi solicitado à Câmara de Comércio que intermedeie uma conversa entre os presidentes dos EUA e Brasil, com vistas à retomada do diálogo político de alto nível entre os países.
Telefonema de Lula
“O tempo corre, e enquanto o presidente Lula se recusa a se aproximar do presidente Trump, nós, como representantes responsáveis do povo, fazemos o possível — e o impossível — nos Estados Unidos para defender os interesses do nosso país”, acrescentou a senadora, na segunda-feira.
Além dos sul-mato-grossenses Nelsinho Trad e Tereza Cristina, integram a missão os senadores Jaques Wagner (PT-BA), Astronauta Marcos Pontes (PL-SP), Rogério Carvalho (PT-SE), Carlos Viana (Podemos-MG), Fernando Farias (MDB-AL) e Esperidião Amin (PP-SC). A missão foi aprovada por unanimidade no plenário do Senado.
Na quarta-feira, 30/07, último dia da missão, os parlamentares se reúnem ainda com representantes da Americas Society / Council of the Americas, entidade que reúne lideranças da sociedade civil e do setor empresarial com foco no fortalecimento das relações interamericanas.
Notícias
30 de julho de 2025
Tereza Cristina faz balanço da viagem aos Estados Unidos
"O que nós fizemos aqui nesses dois dias foi abrir portas, quebrar o gelo, conversar com as empresas, os políticos, com muitos interlocutores. Vamos ter muito tempo ainda de negociação e o diálogo vai continuar. As exceções ao tarifaço são uma boa notícia", frisou Tereza Cristina.
28 de julho de 2025
Missão do Senado inicia diálogos bilaterais nos EUA
"Nossa missão é fomentar a reaproximação entre Brasil e Estados Unidos. Não cabe ao Senado negociar, mas sim buscar o entendimento. O presidente Lula deveria ligar sim para o presiente Trump", defendeu Tereza Cristina.