15 de julho de 2025
Lei de reciprocidade deve ser usada como último recurso, defende Tereza Cristina
"O Brasil é maior do que qualquer crise e o Senado Federal tem de negociar para defender nossa soberania e nossa economia, sobretudo os empregos", disse Tereza Cristina

A Comissão de Relações Exteriores (CRE) promoveu nesta terça-feira, 15/07, debate sobre a estratégia a ser adotada pelo país após o anúncio de que os Estados Unidos irão cobrar tarifa de 50% sobre os produtos importados do Brasil, a partir de primeiro de agosto.
O debate foi solicitado pelo presidente da CRE, senador Nelsinho Trad (PSD-MS), por meio do requerimento REQ 17/2025 – CRE. A vice-presidente da Comissão, senadora Tereza Cristina (PP-MS), participou das discussões.
“Precisamos nesse momento de equilíbrio, pragmatismo, união em torno do interesse nacional. A crise comercial deflagrada recentemente exige atenção, mas também cautela”, afirmou a senadora, que foi a relatora da lei da reciprocidade econômica.
“A hora é de união; não de divisão”, disse. “O Brasil é maior do que qualquer crise e o Senado Federal tem papel fundamental nesse momento como mediador, como articulador e defensor da nossa soberania, da nossa economia e dos muitos trabalhadores que podem perder os empregos se não lograrmos êxito nessas negociações”, acrescentou.
“Não podemos alimentar tensões políticas ou dar respostas precipitadas. O caminho deve ser sempre o do diálogo. Acho que dialogando, conversando muito, é que podemos ter êxito nessas negociações. E nós temos aí a diplomacia técnica que pode construir e trazer soluções”, avaliou. “É hora de baixar a temperatura, levantar a cabeça, mas com serenidade e firmeza. É muito importante a firmeza. Soberania nacional é importantíssima neste nesse momento”, disse.
Reciprocidade econômica
“Fui relatora da lei da reciprocidade econômica, sancionada em abril, e votada por todos, por unanimidade no Senado e na Câmara, e quero mais uma vez deixar claro nesta audiência que a lei não foi pensada para os Estados Unidos”, lembrou a senadora.
E prosseguiu: “a lei foi elaborada para dar ao Brasil um instrumento firme de negociação diante das práticas discriminatórias que já enfrentamos, especialmente lá no passado, no âmbito da União Europeia. Então ela é uma ferramenta de defesa e não de confronto”, explicou. “Deve ser usada com responsabilidade, como último recurso, quando todos os caminhos diplomáticos forem esgotados”.
Tereza Cristina defendeu que o entendimento com os EUA deve ser buscado antes de primeiro de agosto, quando o tarifaço de Trump contra o Brasil deverá entrar em vigor. “Temos de sentar à mesa, dialogarmos, colocarmos o jogo de perde-perde que serão essas tarifas de 50% sobre os produtos brasileiros que exportamos e também sobre os que importamos. Que são tão importantes para a nossa economia, mas também são importantes, talvez em menor percentual, para a economia americana, como o suco de laranja, as carnes, o café, o açúcar, o etanol, os aviões da Embraer, os insumos para a agricultura”, enumerou.
“São cadeias altamente eficientes, sustentáveis e geradoras de emprego aqui e também nos Estados Unidos. E esses setores não podem ser penalizados por uma disputa comercial, que tem aí outros contornos políticos. A solução precisa vir da mesa de negociação”, acrescentou.
Tereza Cristina, que foi ministra da Agricultura de 2019 a abril de 2022, lembrou que, durante sua gestão, o Brasil voltou, após negociações com o então ministro da Agricultura americano, a exportar carne para os Estados Unidos. “Hoje somos protagonistas nas vendas de carnes”, frisou.
“O Brasil tem argumentos, tem credibilidade e tem uma agricultura admirada e respeitada”. Ela lembrou ainda que teve a oportunidade de falar com o próprio próprio presidente Trump, naquela época, sobre comércio de açúcar e etanol. “Houve uma conversa e aí abrimos o o canais e as portas não se fecharam”, disse.
Tereza Cristina disse ainda apoiar a ideia da CRE de organizar uma missão a Washington para que os parlamentares brasileiros possam também dialogar diretamente com seus pares no Senado americano.
Críticas ao governo Lula
A senadora criticou a postura do governo Lula em relação aos EUA nos fóruns internacionais. “Não vamos olhar o passado: eu tenho certeza de que o governo errou muito, errou muito no protagonismo equivocado que o Brasil e o presidente Lula quiseram dar ao BRICS”, destacou.
“Falar de uma segunda moeda interblocos, que não o dólar, é um posicionamento político totalmente equivocado, mas nós agora, como brasileiros, precisamos trabalhar em conjunto, unidos, para que possamos minimizar esse desastre que serão essas tarifas”, completou.
Foram convidados para a audiência, além dos senadores, representantes do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços; do Ministério das Relações Exteriores; do Ministério da Agricultura e Pecuária; da Confederação Nacional da Indústria (CNI); e da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA)
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